quarta-feira, 31 de julho de 2013

Uma lição para Pacheco Pereira e os Velhos do Restelo

No post anterior abordei uma característica da sociedade portuguesa: a sua enorme plasticidade.

Essa plasticidade sofre um incremento logarítmico em tempos de crise.

Pacheco, Costa e mil Velhos do Restelo declaram que Portugal terá uma crise para 20 anos.

Enganam-se e enganam-se redondamente.

Acontecerá agora o que aconteceu após o PREC e após a vinda dos retornados: Portugal adapta-se a enorme velocidade e há sinais de que isso está a acontecer neste preciso momento.

A crise recuará a uma velocidade que impressionará mais a Europa que os Velhos do Restelo.

Esses não aprendem nada nem esquecem nada.

25 de Abril, a fuga de cérebros e a chegada dos retornados.

Após o 25 de Abril, principalmente após o início do PREC observou-se nas Universidades e nas empresas uma importante fuga de cérebros. Concomitantemente deu-se a chegada de centenas de milhar de retornados de África.

A maioria dos observadores não marxistas declarava uma crise para 20 anos.

Não aconteceu.

Uma parte dos retornados - principalmente os vindos de Angola - eram muito empreendedores e injectaram dinamismo no país de alto abaixo.

Pessoas que tinham fábricas de fósforos em Angola construíram fábricas de isqueiros em Portugal.

Nas Universidades os lugares abertos por quem saiu foram rapidamente ocupados por jovens filhos da revolução de Veiga Simão no ensino.

Esta enorme plasticidade da economia portuguesa espantou mais a Europa que os Velhos do Restelo.

Com a crise atual acontecerá o mesmo.

A crise atual recuará a uma velocidade que impressionará mais a Europa que os Velhos do Restelo.



Evolução sazonal do desemprego.

O desemprego baixa sazonalmente no verão.

Este ano Abril 17,8; Maio 17,6 e Junho 17,4.

Dada a crise no Egito e na Tunísia, entre outros fatores, o turismo está a ter um ano bom este ano.

A descida do desemprego tem a ver com isso.

Seria bom que não fosse apenas isso mas é cedo para pensar dessa maneira.

PS: ATUALIZAÇÃO EM JANEIRO DE 2014 - foi bom perceber que não foi apenas sazonal. A descida do desemprego continua a ocorrer e tem uma outra explicação, coerente com o fim da recessão - Portugal está a dar a volta como uma nova economia mais jovem e mais competitiva.

Desemprego desce. Sócrates declara o fim da crise.

De louvar a coerência de José Sócrates.

No seu governo cada vez que o desemprego oscilava para baixo num mês o Governo declarava com pompa e circunstância que a crise tinha acabado.

Hoje, tiremos-lhe o chapéu, Sócrates e os socráticos convocaram uma conferência de imprensa e declararam o fim da crise.

Seguro mentiu no parlamento. Que ninguém exija a sua demissão.

Ouvido Gaspar e ouvida Albuquerque confirma-se aquilo que escrevi sobre este assunto em múltiplas entradas anteriores. O governo do PS ajudou a afogar o país em dívidas, sendo os SWAP tóxicos o seu malabarismo mais recentemente conhecido. Tendo criado o problema tomou a decisão de não o incluir na pasta de transição, como Albuquerque denunciou e se pode concluir da consulta da pasta, disponibilizada pela ministra.

Albuquerque, é agora evidente, não mentiu. Pelo contrário denunciou quem mentiu.

Já de António José Seguro não se pode dizer o mesmo. Quando fingiu que Albuquerque tinha mentido, sabendo bem não, Seguro mentia ele próprio.

Seguro mentiu no parlamento.

Peço que ninguém exija a sua demissão. 

Perdia-se um cómico involuntário de invulgar gabarito.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Maria Luis Albuquerque: Haverá diferença entre chá e chá venenoso?

Albuquerque acha que sim.

Acha que beber chá não só não faz mal mas até pode ser muito bom.

Durante a sua passagem pela REFER Albuquerque bebeu chá e chá do bom. Parece que o estado terá ganho 31 milhões de euros com chá desse tipo, só na REFER. Os bancos também terão lucrado. Como é regra nos contratos legítimos, ambas as partes ganham. É por isso que assinam os contratos. Eu tenho dois pacotes de manteiga e tu tens 4 pães - trocamos dois pães por um pacote de manteiga e ambos ficamos com pão e manteiga.

Acontece que, porém, Albuquerque não gosta de chá venenoso. Albuquerque acha que o PS deveria ter esclarecido nas pastas de transição que havia muito veneno no chá que muitas empresas públicas andavam a beber.

O PS - Costa Pina e Teixeira dos Santos - nada disse em relação a esse veneno.

A mim não me espanta, pois foi o PS que envenenou as empresas públicas. Aliás envenenou o país inteiro, deixando-nos agora a ter de pagar as dezenas de milhar de milhões de euros que pediu emprestado ao estrangeiro.

Já os media continuam a espantar-me.

Quando Albuquerque fala de não ter sido passada informação sobre os SWAPs tóxicos, eles tendem a esquecer a parte dos tóxicos.

Confundem beber chá com beber chá venenoso.

É difícil acreditar que é só incompetência.

Maria Luis Albuquerque mentiu? V

Não ouvi as declarações do ex-ministro Vitor Gaspar, tendo apenas lido a transcrição das suas declarações na imprensa.

Vitor Gaspar disse em súmula:

#1 Toda a gente que trabalha naquela área sabia da existência de contratos SWAP nas empresas públicas.

Isto havia sido antecipado por mim quando escrevi no post "Maria Luis Albuquerque mentiu?  IV" que num país com 10.000.000 de habitantes, metade dos das grandes metrópoles, as pessoas sabem das coisas bem antes de serem vertidas em papel.

O governo PS saberia concerteza do caráter "faustiano" desses contratos em que vendia a alma aos piores demónios da banca. Sabia e nada fez. O que não espanta pois se foi no seu governo que explodiram esses contratos...

Albuquerque, como todas os profissionais experientes, saberia muito antes de ser ministra da existência de contratos SWAP nas empresas públicas. Ela própria ajudou a celebrar contratos desse tipo, no seu caso muito lucrativos para o estado.

#2  Em relação a esse conhecimento geral, Teixeira dos Santos pouco ou nada acrescentou na pasta de transição entre ministros.

Ou seja, toda a gente sabia de contratos SWAP mas Teixeira dos Santos nada de relevante informou em relação ao caráter tóxico duma parte desses contratos.

Os contratos SWAP podem ser legítimos e esses manter-se-ão pois são um instrumento financeiro de diminuição de risco.

Já os contratos específicos, "faustianos", que no governo PS foram assinados em muitas EP, não dimínuiam os riscos - AUMENTAVAM-NOS. Por isso eram tóxicos para o estado.

A Troika desconfiava que alguma coisa escondida havia. Albuquerque não parou até os esclarecer e resolver.

Nem Teixeira dos Santos nem Costa Pina passaram a Albuquerque o caráter ilegítimo desses contratos tóxicos que favoreciam a banca e prejudicavam Portugal.

Não há problema em assinar contratos SWAP. São legítimos.

Há problema em assinar (como expliquei noutros posts) SWAPs tóxicos.


O Papa Francisco e os Homossexuais

Sobe os homossexuais o Papa questionou-se "quem sou eu para os julgar".

Esta afirmação retira a identificação homossexual da esfera do pecado.

Contudo não consagra a prática de atos homossexuais como aceitável na doutrina da Igreja.

Por exemplo, em relação aos atos heterossexuais, a Igreja pronuncia-se no sentido de estabelecer limites.

Transpondo para a homossexualidade os mesmos princípios, isto levaria tão só à aceitação da homossexualidade casta.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Marcelo e Albuquerque : 10 valores

Marcelo pior que Marques Mendes.

Não refere que os problemas contratuais com os SWAP tóxicos não foram passados, fingindo o PS que eram contratos normalissimos.

10 valores.

Marcelo recorda que Gaspar será ouvido em comissão.

Aguardamos Gaspar.

domingo, 28 de julho de 2013

Portugal acerta ao lado II

Lido o post anterior pode perguntar-se: haverá relação entre a partidarite, a falta de transparência, a proteção dos do topo, a falta de responsabilização e a cedência aos bancos e o país mediático não reconhecer quando alguém, como Albuquerque, faz diferente?

Há.

Se o país mediático reconhecesse o mérito de quem faz diferente, não haveria tanta partidarite, amiguismo, subserviência e opacidade.

A incapacidade de reconhecer quem faz diferente faz parte da mesma doença que leva aos males anteriores.

Nessa doença os meios mediáticos são sempre piores que o próprio poder político.

Portugal acerta ao lado I

#1 O país tem um problema real crónico de falta de transparência: Albuquerque não parou até tornar transparentes contratos obscuros.

Mas sem apontar o bom exemplo os  media discutem sobre se ela mentiu.

#2 O país tem um problema real crónico de nunca responsabilizar quem falha: Albuquerque não parou até responsabilizar quem falhou.

Mas sem perceber a diferença na ação, os media discutem sobre o que ela disse no mais irrelevante órgão de soberania, em que uma claque maioritária de deputados faz em bloco, há quase 40 anos, o que o primeiro-ministro que está, manda fazer.

#3 O país tem um problema real crónico de poupar sempre quem está no topo: Albuquerque não parou até o governo demitir inúmeros gestores de topo.

Mas sem apontar o bom exemplo, a exceção, os media discutem a semântica das suas declarações.

#4 O país tem um problema real crónico de acusar os dos outros partidos e poupar os do nosso: Albuquerque concorreu para a demissão de secretários de estado do governo do PSD.

Mas sem reconhecer o bom exemplo os media debatem o diz que disse.

#5 O país tem um problema real crónico de nunca questionar os lucros dos bancos: Albuquerque não parou até cortar os lucros dos bancos ou processá-los judicialmente como é o caso do espanhol Santander.

Mas em vez de apontar o bom exemplo discute-se sobre se ela mentiu.


Maria Luis Albuquerque mentiu? IV

Todos os contratos SWAP são maus? Não. Eu próprio tive à minha micoscópica escala um contrato de crédito que em vez de indexado à Euribor era um SWAP.

De que fala Albuquerque quando fala de contratos SWAP tóxicos? De contratos leoninos para os bancos, com um assimetria que permite aos bancos executar precocemente as suas vantagens, escritos de forma encriptada e fazendo referência a indexantes desconhecidos para o estado no se u resultado  final.

O levantamento destas situações de risco foi passado pelo PS ao novo Governo?

Esta é a questão. Albuquerque diz que não.

Cronologia em (construção):

15 Outubro 2008: Auditoria da Inspeção Geral de Finanças (IGF) deteta problemas na política de endividamento de risco nas empresas públicas, sob a égide do governo de Sócrates. 

21 Janeiro 2009: Novo alerta da IGF sobre a política de aquisição de passivo oneroso por parte das empresas públicas.

2009 - 2011: Os contratos SWAP tóxicos proliferam.

23 Março 2011: Governo de Sócrates demite-se. Isto inclui Costa Pina que fica pois a saber que será substituído no cargo e deverá apresentar ao seu substituto uma pasta de transição com os problemas pendentes.

3 Maio : Apresentado o Memorando de Entendimento. Sócrates e quejandos comprometem-se com a Troika a entregar relatório sobre o endividamento das empresas públicas, o que inclui por definição os SWAP tóxicos.

17 Maio: Formalmente assinado o memorando de entendimento.

5 Junho : Sócrates perde as eleições (PS 28% e PSD + CDS 50%). Costa Pina sabe que a direita ganhou o poder.

9 Junho: Costa Pina dá ordem às empresas públicas para enviarem à Direção Geral do Tesouro informação detalhada sobre os contratos SWAP que fizeram.

Meados de Junho: Tomada de posse de Gaspar. Na reunião de passagem da pasta de transição Teixeira dos Santos terá mencionado os contratos SWAP - não podia ter deixado de o fazer porque a troika que não gosta de truques, mandou acabar com a desorçamentação Socrática e exigiu, logo em Maio,  um relatório escrito sobre o assunto.
O que importa saber é se Teixeira avisou Gaspar de que existia um problema com SWAPs tóxicos, como era sua estrita obrigação saber e comunicar. Ou se se limitou a usar meia verdade para omitir o problema, dizendo uma coisa do género em passant "mandei fazer um levantamento sobre o passivo oneroso da empresas públicas e estou preocupado com o volume desse passivo".

27 Junho : Posse de Albuquerque como membro do Governo.

28 Junho : Reunião entre Costa Pina e Albuquerque com a pasta de transição.
28 Junho : 1º mail de Pedro Felício com escassa informação sobre os SWAP.
Albuquerque fica intrigada com opacidade do caso e exige mais e mais informação não aceitando como boa a escassa e genérica que se pretende descrever o problema.
19 Julho  : 2º mail de Pedro Felício com mais informação sobre os SWAP.
26 Julho  : 3º mail de Pedro Felício com mais informação sobre os SWAP.
1 Agosto : 4º mail de Pedro Felício com mais informação sobre os SWAP, ainda muito incompleta.

A Secretária de Estado, por não ter recebido a informação necessária ao diagnóstico do real risco para o Estado, desencadeia outros mecanismos, nomeadamente recorrendo a consultores externos, para poder decidir qual a estratégia a seguir.

A banca dá a conhecer a Albuquerque que assinou contratos que lhe permitem executar a qualquer momento as mais valias que os contratos SWAP lhe fornecem contra o Estado.

Albuquerque dá ordem para ninguém pagar nada sem a sua aprovação.

Coisa rara em Portugal, Governe demite os gestores de topo e todos os membros do proprio governo que tenham sido responsáveis por operações de financiamento tóxicas.

A propósito de um ramalhete de dois aldrabões fracos, um aldrabão forte e um extremista que acabei de ver num programa televisivo, em que uma certa direita pede desculpa por ser quem é e em que em uníssono se declara Albuquerque como mentirosa, vou tentar - tenha tempo - fazer o levantamento cronológico dos factos.

Uma coisa é desde já certa: à data da Reunião entre Costa Pina, o Socrático, e Albuquerque (28 de Junho) NÃO é possível que os dados que Pedro Felício entrega a 1 de Agosto, tenham sido passados por Costa Pina pelo simples facto de que 28 de Junho ANTECEDE 1 de Agosto. Aliás a 1 de Agosto os dados na mão de Albuquerque não permitem perceber os dois riscos fulcrais para o Estado  - a possibilidade contratual que os bancos têm de executar unilateralmente muitos contratos e o facto de outros tantos terem sido redigidos de forma virtualmente ilegível.

Segunda coisa que tomo como certa: num país que tem uma população que é metade da das maiores cidades do mundo, os Costas Pinas e, a bem dizer, toda a gente do foro, sabem das coisas que se passam dentro das lojas que governam  antes da data em que são passadas a papel.

sábado, 27 de julho de 2013

Morais Sarmento e Marques Mendes claudicaram. Pacheco é um caso perdido. Falta Marcelo.

Dois comentadores da área do PSD, falaram do seu púlpito nacional sobre a questão dos SWAP tóxicos e de Maria Luis Albuquerque.

Em ambos os casos, os jornalistas disseram que ela sabia pela voz do governo anterior o que se passava nos SWAP tóxicos e deram a entender que mentira.

Questionados, Sarmento quer Mendes fugiram dos factos.

Mendes esteve melhor ao salientar que o governo anterior é que criou o problema e que o secretário de estado e o diretor do tesouro que nada fizeram para resolver o assunto, não deviam ter vindo, como sonsos, criticar a lentidão com que Albuquerque resolveu o problema que eles próprios criaram.

Mendes ainda passou brevemente sobre a verdade dizendo que Albuquerque não tinha mentido strictus sensus.

Com medo de serem acusados de partidarismo nenhum teve a coragem de dizer a verdade.

A verdade, tanto quanto se sabe hoje, é que Albuquerque não mentiu, nem strictu nem lato sensus.

Strictus sensus Albuquerque disse que na pasta de transição entre governos o assunto não foi passado como o problema que é. A estratégia típica dos burlões é usarem meia verdade para venderem a mentira que lhes dá vantagem e dou pouco valor a que Costa Pina ou Teixeira dos Santos tenha ou não referido que havia nas empresas públicas contratos SWAP que mereciam um segundo olhar. Tudo nas empresas públicas precisava de um segundo olhar. Ela falou da PASTA DE TRANSIÇÃO e não de conversas en passage (de que eventualmente podia não ter tido conhecimento) entre Teixeira e Gaspar.

Passar os assuntos do ministério numa pasta escrita e organizada é uma obrigação básica de qualquer governante. Conversas de corredor têm-se sobre futebol.

Se há dúvida sobre o conteúdo da pasta de transmissão, a Comissão que peça a dita.

Lato sensus Albuquerque também não mentiu. Foi Albuquerque que, tendo obrigações de report para com a troika e tendo tido dicas a partir de bancos de que haviam cláusulas graves, lançou uma investigação para saber a verdade. Como resposta à inquirição de Albuquerque, o PS foi cedendo a conta-gotas. Nunca o PS tomou a iniciativa de dizer: criámos este problema com esta dimensão e não sabemos como o resolver.

Albuquerque não foi informada - conseguiu, a pulso, facto após facto, confessado mail após mail que o PS levantasse a ponta do véu do que fora feito durante o seu governo nas empresas públicas.

A vantagem do PS em mentir, o seu racional, foi já analisado num post anterior.

Lato sensus as informações ainda assim dadas, não continham a alma do negócio, o verdadeiro problema e que consistia na possibilidade contratualmente garantida pelo PS aos bancos de que estes, a qualquer momento e a seu belprazer, podiam converter em dinheiro as vantagens contratuais cedidas pelos socialistas, tramando o estado em milhares de  milhões.

Dou 9 valores a Sarmento e 12 valores a Mendes.

Falta Marcelo.

Perceber o que Poiares Maduro parece não perceber

Poiares Maduro declarou que não é fácil dizer aos negociadores da troika que o programa de austeridade falhou, que há uma fadiga de austeridade e necessitamos de melhores condições.

Diz de seguida que melhores condições - mais tempo e a aceitação de mais déficite - representam sempre mais dívida que depois teremos de pagar.

É difícil aceitar que uma pessoa que é ministro se recuse a perceber o que dizem os detratores do atual programa.

Eu vou tentar explicar-lhe:

#1 Há economistas - muitos do PSD - que dizem que o excesso de austeridade aumenta a dívida. Imaginemos que por excesso de paixão pela via da austeridade o governo retira num ano 5.000 milhões da economia e a recessão provocada leva a uma diminuição da receita e a um incremento de despesa nas áreas sociais de, suponhamos, 4.000 milhões. Toda a operação rende 1.000 milhões ao governo e empobrece o país em dose excessiva.  Caso o governo decidisse retirar apenas 2.500 milhões e essa fosse a dose certa, a perda por recessão e incremento da despesa social seria apenas de 1.000 milhões, resultando num rendimento de 1.500 milhões ao governo. 1500 é mais que 1.000. Esta é a tese.

Em resumo, o excesso de austeridade é pior para a dívida que a dose certa de austeridade.

É difícil saber qual é a dose certa de austeridade mas não é difícil perceber o argumento de que diminuir a austeridade não é o mesmo que aumentar a dívida. Um ministro devia conseguir perceber este argumento e responder-lhe caso discordasse.

#2 A operação de financiamento da economia portuguesa suscita prejuízo a alguns estados como Itália e lucro a outros como a Alemanha. Não é difícil perceber o argumento que que a Alemanha não deve obter grande lucro liquido com esta operação e deve baixar os juros do que nos empresta para pelo menos 0%. Mesmo assim teria lucro.

#3 Os fundos europeus deveriam, a título excepcional e durante um período limitado de tempo - por exemplo 5 anos - poder ser usados para financiar investimento à economia portuguesa sem contrapartida do nosso lado: ou seja deveriam poder haver programas 100% financiados pelos fundos europeus, evitando a sua não utilização por falta de verbas locais.

#4 Países do centro europeu podiam investir direta ou indiretamente em Portugal caso se identificassem setores que fossem úteis às suas próprias economias. É o caso óbvio do investimento no complexo ferro-portuário de Sines benéfico para a economia Europeia como um todo.

Etc, etc.

Poiares Maduro ou não percebe os argumentos dos detratores do programa ou finge que não percebe.
Ambas as posturas resultam no mesmo.

Passos aplaudido em Pombal - mais uma tenebrosa ação dos do sindicato do governo

Depois do aplauso nos Jerónimos, Passos Coelho foi aplaudido em Pombal.

Pacheco Pereira terá de explicar mais esta ação do sindicato do governo.

Esperamos com ansiedade as suas explicações.

Ideias para Portas II

Portas deve investir o que for necessário, usando os lobbies que forem necessários, para influenciar a imprensa alemã.

Vender a imagem certa de Portugal na imprensa alemã é um projeto a médio prazo cuja importância não deve ser minimizada.

Ideias para Portas I

Portas deve pedir para ser recebido com urgência por Lagarde.

Caso a senhora aceite recebê-lo, deve usar de todas as influências que tenha na imprensa internacional para que se saiba ao que vai.

Se a senhora mantiver em privado alguma coisa do que diz em público, Portas deve sublinha-lo e pedir uma audiência a Barroso.

Devidamente pressionado, no seu último mandato e com ambições presidenciais, Barroso terá dificuldade em deixar de anuir que o programa para Portugal deve ser alterado.

Para o fim fica Draghi, um osso mais difícil de roer e em que a estratégia a seguir depende muito de insider information que não possuo. Nomeadamente da sua postura real em relação aos alemães.

Seja como for Draghi estará já em minoria.

Soares lê e aprende com o Supraciliar. Bom para Soares, mau para Seguro.

Escrevi que uma semana que fosse de negociações com o Governo às ordens do Presidente e Seguro estaria morto, a não ser que saísse das negociações com grande estardalhaço.

Seguro, leitor atento do Supraciliar, interrompeu as negociações ao sexto dia.

Mas como entende menos do que lê, não saiu com o necessário estardalhaço.

Soares - também ele assinante e assíduo leitor deste pasquim - percebeu tudo pois apesar de velho ainda é fino.

Agarra-se agora, ao facto de Seguro ter saído das negociações para um compromisso de salvação nacional com pouco barulho, acusando-o numa entrevista ao jornal i de ter anunciado a saída com um discurso brando.

O Velho Soba deixou de achar graça ao Anão.

Mau para o anão.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Maria Luis Albuquerque mentiu? III



Porque razão poderia ser benéfico ao grupo de Sócrates omitir o problema dos SWAP tóxicos na sua real dimensão da pasta de transição?

Porque ganhariam em ir fornecendo informação a conta gotas, após a transição de poder, de forma incompleta e desestruturada e nunca formal e fundamentadamente na pasta de transição?

Seria porque Sócrates empurrava para debaixo do tapete, sempre que podia, as dívidas que tinha contraído e esperava fossem os nossos filhos e netos a pagar?

Será porque Passos ficaria com mais exemplos do famoso desvio colossal que encontrou, à medida que Gaspar e Albuquerque iam descobrindo detalhes da grande burla socrática?

Será porque assim seria mais fácil Gaspar explicar ao país porque é que este iria perder boa parte do 13º mês de 2011?

Alguém ainda se lembra desses tempos? Do desvio colossal?

Maria Luis Albuquerque mentiu? II

Albuquerque disse que "na pasta de transição nada constava sobre o tema" (dos contratos swap) e que "não havia qualquer documentação, nem nada de novo a transmitir, porque a informação tinha sido solicitada e apenas isso".

Ou seja indignava-se que um buraco desta dimensão e risco tivesse sido criado e omitido da pasta de transição pelo governo de Sócrates, o Falso.

Parece que DEPOIS da passagem da pasta e APÓS INSISTÊNCIA DE ALBUQUERQUE ,  há informação que vai sendo dada por ex-governantes socratistas a prestações.

Maria Albuquerque mentiu? I

Investigou, esclareceu e reduziu um dos muitos buracos financeiros deixado pelo governo de Sócrates, o Falso, o dos SWAP tóxicos.

Sem destoar da esquizofrenia habitual da Assembleia da República, os responsáveis pelo buraco criticam Maria Luis Albuquerque por não ter sido célere a resolver o problema que eles criaram.

Terão razão pois é difícil acreditar que a Secretária de Estado tivesse quatro ou cinco assuntos entre mãos que valessem tanto ao país como valia tapar o buraco dos tóxicos socialistas. Não têm moral para o usar até reconhecerem a sua própria culpa na criação do problema.

O PS mata o pai e a mãe e depois chora publicamente porque o governo não compreende a dor dos órfãos.

Uma pergunta simples: se o PS diz que havia um problema criado por si próprio e que até avisou o Governo CDS / PSD que o problema que o PS criara era de grande monta, porque é que o criaram em primeiro lugar? Tendo-o criado e reconhecido que era grave porque não o resolveram?

Tendo-o criado, reconhecido como sendo um problema e não o tendo resolvido, com que cara de sonsos é que vêem agora fazer campanha contra quem descobriu o buraco socialista e o reduziu?

O erro de não recriminar o passado

Guterres iniciou aquela arte em que Sócrates se especializou de, estando no governo, se dedicar a ser oposição à oposição.

Aqui conseguiu, ao estar constantemente ao ataque, diminuir a capacidade de escrutínio do parlamento em relação ao governo do país.

No país real o governo dominava avassaladoramente o Estado e a economia privada que orbita o Estado.

No país comunicacional dois grupos de partidos - o PS e o PSD / CDS - degladiavam-se e opunham-se como se não houvesse governo mas apenas duas oposições mútuas.

A falta de seriedade desta postura é auto-explicativa e não perderei agora tempo com isso.

Perderei tempo a recordar uma coisa que ocorreu durante 18 meses neste governo: a tentativa que parece esboroar-se de não usar o passado para justificar as responsabilidades do presente. Pensou-se que culpar a herança seria uma forma de desculpabilização, antagónica duma certa vontade de rigor, de autonomia adulta e assunção frontal das decisões que se tomam.

Isto pareceria bem se na oposição não tivéssemos um Partido Socialista com um nível de desonestidade intelectual cima do aceitável.

Os pirómanos que destruíram o país em 15 anos de governo quase contínuo, aparecem agora com uma vergonhosa cara de pau a criticar os bombeiros.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

"Obviamente NÃO o demito"; Passos - um animal político?


Certas pessoas como Fontes, Salazar, Soares, Sá Carneiro ou Portas têm uma inteligência emocional que lhes permite sintonizar-se com uma parte do sentimento dos restantes portugueses, numa dose que ultrapassa o que a razão pode oferecer.

O facto de Sá Carneiro e Portas não terem obra política de relevo, não altera a evidencia que existe de que são animais políticos.

O gesto de Passos - as suas  famosas frases "Fico" e, principalmente, "Obviamente NÃO o demito" - não o permitem classificar ainda, nem de perto, como um animal político.

Mas o curso dos acontecimentos suscita aquele tipo de perplexidade que antecede o reconhecimento dessas aves raras. 

No post anterior acrescentei argumentos que apontam nesse sentido.

Claro que existem coincidencias, acasos, "serendipities".

É provável estejamos perante uma. É possível que não.

Em defesa de Passos Coelho

Alguns, em que me incluo, talvez tenham substimado Passos Coelho.

Não é certo que seja verdade a história que vou contar, mas é possível.

Numa certa altura todos os comentadores políticos, incluindo Marcelo e Marques Mendes, afirmavam que Passos devia remodelar o Governo e remodelá-lo em larga escala.

Passos recusou, enquanto o governo se afundava.

Se o tivesse feito na altura em que todos clamavam por ela, teria morrido nesta crise.

O instinto político de Passos disse-lhe que a bomba relógio do desacerto entre o seu PSD e a aliança Portas / o outro PSD se manteria viva mesmo após essa remodelação.

Uma remodelação profunda é uma oportunidade única e seria estoirada em vão enquanto o quisto da divisão entre o PSD I e a aliança PSD II / CDS, não estivesse maduro para ser drenado.

Quando Portas, um animal político, teve o vaipe emocional de dizer basta, se demitiu de MNE e se preparou para abandonar a liderança do CDS, caso fosse necessário, Passos percebeu que o quisto estava mais que maduro: Tinha drenado expontaneamente e dava-lhe a oportunidade para a grande remodelação.

Foi um caminho no fio da navalha. Foi um caminho que sós os líderes conseguem percorrer.

Seguro está talvez impreparado. Digo eu.

O valor de zero é menor à esquerda que à direita. É uma assimetria conhecida.

Ora Seguro não atentou neste problema quando propôs, em Paris, que a União Europeia estabeleça como objetivo que, em 2020, não existam países com uma taxa de desemprego superior à média europeia.

Isto implicaria, por necessidade matemática, que não houvesse nenhum país abaixo da média, não é? Se a média for 7 e não puder haver nenhum valor acima de 7, então também não pode nunca ocorrer 7 + 7  + ...+ 7 + 7 + 3, pois aqui a média nunca é igual a ... 7, pois não?

TóZero propõe assim, também,  que nenhum país pode ter um desemprego inferior à média europeia.

Como dizia Clinton, para governar é preciso saber um pouco de aritmética, de  básica e boa aritmética.

Seguro propõe, conclui-se, como objectivo para 2020 que os 28 países da UE, da Alemanha a Chipre, tenham todos EXATAMENTE a mesma taxa de desemprego. Uma impossibilidade mais física que social e económica como todos sabemos.

Não tendo ninguém o dom da infalibilidade, TóZero devia pensar na assimetria supracitada: Ser  Zero à esquerda não é bom.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Rui Machete e a Fundação Luso-Americana

Os embaixadores americanos enervaram-se com Rui Machete porque este gostava da sumptuosidade e gastava boa parte do dinheiro em despesas de funcionamento interno, sobrando pouco para as atividades de desenvolvimento que eram, afinal, o objectivo da fundação.

É de estranhar a estranheza dos estranhados.

Se os americanos tivessem um contacto mais intimo com a cultura portuguesa perceberiam que grande parte das fundações e outras grandes obras que vivem do estado, são assim. Ficou famosa a ideia da administração da Casa da Música no Porto de pagar a preço de ouro uma alteração ao projeto inicial para incluir entre outras sinecuras um elevador exclusivo para os Srs. Administradores. Tudo com dinheiro dos contribuintes, ou seja, do povo que pagava e era excluído do dito elevador.

Assim, Machete elevou-se à aparência de Grande Senhor por mera necessidade. Se não o fizesse seria Ninguém aos olhos dos Grandes Senhores.

Mário Soares tem mil e uma estórias dessas que poucos se atrevem a contar por ser politicamente incorreto. Politicamente mais que incorreto, politicamente ostracisante (para o contador, é óbvio).

O Ministro da Saúde é outro exemplo de arrogância desproporcional à competência, dizendo-se que disse a quem o quis ouvir, caso não me tenha traído a memória, que tinha aceite ser ministro por caridade. Teria a vida organizada e podia assim dar-se a esse luxo. Parte dessa organização ocorreu quando ganhou alguma coisa como 23.000 euros por mês, para ser o cobrador-mor dos impostos cá do sitio. Diz que o banco que lhe pagava uma ainda mais linda soma, à data da sua ida para o ministério, está, a julgar pelo seu valor bolsista e pelo rating que lhe é atribuído, a valer pouco mais que lixo dourado.

Gatos gordos numa expressão de Obama.

Devemos, é certo, propôr-nos exigir mais ocidentalismo e menos arrogância a Rui Machete no passado.

Se o fizermos teremos de o fazer a toda a gente que machetou com igual vigor, igualmente no passado.

Por mim agradava-me em dose suficiente que o fizessemos em relação ao futuro.

Em defesa de Paulo Portas II

Lendo o post anterior (em defesa de Paulo Portas I), é fácil perceber porque é que num governo socialista 3 submarinos como Guterres programou, eram apenas 3 brinquedos caros e num governo com Portas a ministro, 2 submarinos servem para defender os interesses nacionais.

Em defesa de Paulo Portas I


"On November 13, 2002, while the Prestige was carrying a 77,033 metric tons cargo of two different grades of heavy fuel oil, one of its twelve tanks burst during a storm off Galicia, in northwestern Spain. Fearing that the ship would sink, the captain called for help from Spanish rescue workers, with the expectation that the vessel would be brought into harbour. However, pressure from local authorities forced the captain to steer the embattled ship away from the coast and head northwest. Reportedly after pressure from the French government, the vessel was once again forced to change its course and head southwards into Portuguese waters in order to avoid endangering France's southern coast. Fearing for its own shore, the Portuguese authorities promptly ordered its navy to intercept the ailing vessel and prevent it from approaching further."

Agora... quem era o Ministro da Defesa da altura que não se vergou a Franceses e Espanhois ?


Não - a palavra mais importante da língua portuguesa.

(POST REPUBLICADO)

Eleições autárquicas 2009 - resultados eleitorais

2009:

PSD + CDS = 40%

PS = 38%

Cerca de.

O PS e as autárquicas

Durante a campanha eleitoral para o poder local o BE, o PCP, os pequenos partidos e o PS pedirão que as pessoas votem contra o governo. Infelizmente para os últimos esse tema foi esgotado precocemente pelos socialistas e anulado pelo Presidente com o compromisso de salvação nacional;  por isso a sua eficácia é agora reduzida.

Esse esgotamento do argumento fará com que os resultados da coligação melhorem.

Assim, depois da esquerda andar, durante a campanha que se avizinha, diariamente a chorar por eleições antecipadas, transformando um assunto predominantemente local num assunto exclusivamente nacional, um resultado nas autárquicas acima de 30% para a coligação e esta tem apenas uma pequena derrota.

Acima de 35% para a coligação e o Seguro estará gravemente abalado e a partir dos 40% tem morte súbita.

E quanto maior a abstenção, pior fica politicamente o PS pois significa que ninguém confia no PS para depositar um voto de protesto.

Antecipo as que autárquicas não deverão ser uma catástrofe para o PSD / CDS.

Mas podem ser uma catástrofe para Seguro.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Querida encolhi o PS

Com o fulgor do novo Governo que se origina num processo que expliquei em múltiplos posts, o PS começou a mirrar.

Que se prepara para dizer Seguro, o Anão, ao país?  exigimos eleições antecipadas ?

Cavaco e Rui Machete

A entrada de Rui Machete no Governo alarga a credibilidade do Governo. Trata-se de um peso pesado do PSD e uma pessoa duma geração anterior à atual.

Por outro lado Rui Machete é tido por alguns como próximo de Cavaco enquanto outros recordam que foi muito crítico para o PR recentemente.

Dada a sua trajetória política Machete terá contudo alguma facilidade em concretizar um desejo de Cavaco: a capacidade do Governo negociar com o PS. Machete, recordamos foi, durante escasso tempo é certo mas ainda assim significativamente, vice-primeiro ministro do governo do bloco central.

Esta novidade reforça a ideia de que se trata não de uma banal remodelação mas de um novo governo de Passos Coelho.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Entender a moção de confiança IV

Continuação:

Cavaco entregou no regaço do novo governo, formado após a queda do anterior pela demissão irrevogável de Portas,  os parceiros sociais e o Banco de Portugal.

Esta última condição é contrária ao espirito da lei mas o estado de emergência levou Cavaco a essa excepcionalidade.

Pelo caminho decapitou o PS, levando à demissão de Seguro.

Como Seguro é um homem simples ainda não percebeu que foi demitido.

O novo líder do PS decidiu esperar pelas autárquicas e pelo novo orçamento de 2014 para tomar conta do PS.

O novo líder ainda não decidiu se espera pelas legislativas de 2015, ou se toma o lugar, atualmente em gestão corrente, antes disso.

O novo líder do PS decidiu sufragar-se nas urnas em Lisboa. Nesse sufrágio terá a maior vitória do PS nas autárquicas, contrastando com o que acontecerá com o PS na única outra capital que temos - o Porto.

Apesar de saber que Cavaco, com a indigitação de Passos para um novo governo às portas das autárquicas, tornou esse governo imune ao resultado das autárquicas, o novo líder do PS propõe-se a tarefa que Sampaio já havia logrado conseguir: dar-se ao Galicismo de tomar a capital em grande, a partir da câmara municipal.

Contudo o novo líder decidiu imitar Sá Carneiro em vez de Sampaio, usando Helena Roseta à escala local do mesmo modo que Carneiro usara Medeiros Ferreira à escala nacional.

Quem não percebeu isto não percebeu nada.

O autor do texto que irritou o Joaquim evidentemente não percebeu isto. Temos de ter paciência com esta gente, Joaquim. Pessoa explicou que esta gente está para ficar.

Entender a moção de confiança III

Continuação:

Após a queda do primeiro governo de Passos como consequência da demissão irrevogável de Portas, Pedro Passos Coelho foi indigitado pelo PR para formar novo governo. Como esse governo não conseguiu incluir o PS, por culpa do PS, Cavaco aceitou que se mantivesse apenas com dois partidos mas fez exigências que ainda se encontram no recato do palácio de Belém.

Como em política o que parece é será dentro de algum tempo visível que exigências foram essas (a não ser que o novo governo também caia).

O novo Governo apresentará o seu programa à Assembleia da República em breve.

A sua aprovação, como todo o processo da criação do novo governo, saltará passos formais porque a crise que o país vive impede as delongas desses passos. Ainda assim Cavaco exigiu um passo formal mínimo: a aprovação de uma moção de confiança na AR.

Em todo este processo Cavaco deu novo fôlego à aliança e depositou no seu regaço os parceiros sociais.

Quem não percebeu isto, não percebeu nada.

(continua)

Entender a moção de confiança II


Continuação:

Voltando ao texto que o Palavrossaurus II caustica hoje , e bem, recordo que após a queda do primeiro governo de Passos como consequência da demissão irrevogável de Portas, Cavaco o indigitou para formar novo Governo.

Cavaco Silva ouviu um conselho de estado para a economia e convocou os partidos e os parceiros sociais.

Passos reuniu-se com Portas, reformularam de alto a baixo a coligação e propuseram novo governo a Cavaco.

Cavaco recusou o governo proposto por Passos e exigiu que se esforçasse para conseguir uma grande coligação de salvação nacional que incluísse um acordo de incidência parlamentar com o PS agora e com o PSD e CDS a partir de 2014 / 2015 quando o PS estivesse no governo.

Passos, Portas e Seguro reuniram-se e estavam a um milímetro de chegar a acordo.

Soares, Alegre e Sócrates tiveram acesso (ilegitimamente?) às negociações e à cedência de Seguro.

Tentaram travar Seguro dentro do PS mas não conseguiram.

Depois disso, lançaram uma campanha pública em que ameaçavam Seguro de fazer ao PS, o que Eanes lhe fizera no passado: rachá-lo em dois.

Seguro cedeu e saiu das negociações.

Cavaco avaliou positivamente o esforço negocial de Passos e aceitou um governo com apenas dois partidos desde que cumprissem determinadas condições.

(continua)

Entender a moção de confiança

O  Palavrossaurus Rex  faz hoje alusão a um texto medíocre publicado num jornal de referência.

Não é um texto particularmente ofensivo, é um texto habitual.

Esse é o principal problema - a obtusidade é normal.

Não vou perder demasiado tempo com ele, mas a propósito dele vou recordar alguns momentos dos últimos 20 dias.

Paulo Portas cometeu o erro de usar a expressão irrevogável ao demitir-se do cargo de MNE mas é inteiramente verdade que se demitiu e sairá.

Pedro Passos Coelho teve a frieza lúcida de dizer que não aceitava a saída direta de Paulo Portas do Governo.

Pagou por isso o preço da queda do governo, única forma de conciliar a saída de Portas e a manutenção da coligação.

Paulo Portas saiu do Governo e sua saída provocou a queda do governo.

Cavaco Silva, perante a queda do Governo, indigitou Passos para formar um novo governo.

(continua)

Juros a cair e bolsa a subir

Depois da decisão de Cavaco, de manter Passos como primeiro-ministro, os mais rápidos respondedores económicos - a bolsa nacional e o mercado de crédito - passaram de indicadores maus a menos maus.

Melhor assim.

domingo, 21 de julho de 2013

Eanes versus Soares / Sampaio / Cavaco

Mais do que a constituição é a ação concreta do PR que determina a sua capacidade de influenciar o processo político.

O presidente que mais perto esteve de revolucionar o xadrez político foi Ramalho Eanes, usando uma estratégia tão simples quanto independente da letra da constituição da República: a criação de um partido político.

Para isso concorreram vários fatores mas um deles é subestimado por uma sociedade formalista que não compreende que a verdadeira natureza do poder político é limitada e interage doutras formas com a lei mas não é determinada diretamente por ela.

Um desses fatores é biológico: a idade. Eanes foi o único presidente jovem da democracia. Dois dos outros eram de meia idade e um - Cavaco - idoso.

Para quem tem a superficialidade politicamente correta de pensar que num ser biológico como o homem  a biologia não conta proponho-lhes um exercício: imaginem que Cavaco tinha 41 anos (como Eanes quando se tornou presidente).

Alguém visualiza Portas ou Passos a lidar com um Cavaco de 40 anos, uma vida de estado pela frente e a sua apetência pela obra e não pela palavra, portando-se como se portaram?

Alguém crê que pessoas na quarta idade como Soares teriam alguma relevância que ultrapassasse a que as figuras já históricas têm? Que Seguro os temeria quando tinha que temer Cavaco?

Mensagem de Cavaco II

Apesar da falta de clareza com que os políticos em geral e Cavaco em particular, falam e que não dispensa que a seguir a uma intervenção sua, surja uma mole de tradutores que se propõem transformar em português padrão aquilo que acabou de ser dito, desta vez Cavaco foi um pouco mais claro.

Nada mal e seguramente muito melhor do que o prolixo Sampaio, capaz de falar durante uma hora para tentar dizer que faz mais calor ao sol que à sombra.

É claro que uma nação que atravessa a crise que atravessamos, em que a ameaça de colapso é verdadeira, teria a ganhar com maior liderança nos grandes objetivos, por parte duma presidência legitimada por sufrágio direto e que é acompanhada por um governo fragilizado.

Esta crise mostrou bem que não é necessário mudar a constituição para o Presidente ter um papel bem maior que o minimalista que tradicionalmente assume.

Ao invés do que muitos pretendem, o facto de três dos presidentes terem lançado a bomba atómica (sim Cavaco lançou-a, limitando-se a, por ora, não puxar a cavilha) e do outro - Ramalho Eanes - ter criado um partido político, demonstra à saciedade que a questão do papel da PR num regime semi-presidencialista é mais uma questão de vontade do que uma questão de meios.

Mensagem de Cavaco I

Habituados à inabilidade, habituados à superficialidade e habituados à falta de postura estadista não é necessário muito para aprovarmos uma intervenção presidencial.

Cavaco teve hoje uma intervenção normal e isso impressiona dada a baixa expectativa.

Disse que o recente exercício negocial dos partidos que representam 90% da AR, das confederações patronais e da UGT, o governo remodelado e uma moção de confiança modificam a situação política anterior e dão condições para uma segunda metade da legislatura melhor conseguida que a primeira.

Apontou discretíssimos objectivos políticos - o que foi bem mais do que é habitual.

Manteve a ameaça de dissolução no ar, na usual forma opaca, ao salientar que mantém os seus poderes intocados.

Escutas ilegais no PS - texto do discurso de denúncia por parte de Seguro, o anão.


Apresentamos o discurso que Seguro se prepara para fazer para denunciar as escutas ilegais detetadas na sede do PS:

"PORTUGUESES:

1. Após as  campanha eleitoral negociações para o compromisso de salvação nacional foram produzidas  declarações e notícias sobre escutas e espiões, ligando-as ao nome do Presidente da República Secretário Geral do PS e, no entanto, não existe em nenhuma declaração ou escrito do Secretário Geral qualquer referência a escutas ou a algo com significado semelhante, a não ser as que mandei fazer para os jornais.
Desafio qualquer um a verificar o que acabo de dizer, estando disponível até para apostar.
E tudo isto sendo sabido que o Secretário Geral é um órgão unipessoal e que só o secretário fala em nome dele ou então os fundadores, dinossauros, socratistas e pessoas com brinco os seus chefes da Casa Civil ou da Casa Militar.

2. Porquê e que sociedades secretas urdiram toda aquela manipulação?
Transmito-vos, a título excepcional, e só se prometerdes não gravar em cassetes, porque as circunstâncias o exigem, uma ideia que me ocorreu para a interpretação dos factos.
Outros poderão pensar de forma diferente. Mas os portugueses têm o direito de saber a ideia que teve o  Secretário Geral Presidente da República.
Durante o mês de Julho Agosto, na minha casa em Lisboa no Algarve, quando dedicava boa parte do meu tempo à análise das atas da negociação diplomas que tinha levado comigo para efeito de as dissimular com documentos escritos que dissessem o contrário do que acontecia nas reuniões com o PSD e o CDS promulgação, fui surpreendido com declarações de destacadas personalidades da esquerda, exigindo ao Sr.  Secretário Geral Presidente da República que interrompesse o merecido recato a que se dedicara férias e viesse falar sobre a participação de membros da sua equipa casa civil na elaboração do programa para o compromisso de salvação do governo do PSD (o que, de acordo com a informação que me foi prestada – e perguntei duas vezes para me certificar - era uma invenção da direita pois eu nunca negociei nada e bati-me sempre pelo povo e os amigos do PS).
E não tenho conhecimento de que no tempo dos secretários gerais  presidentes que me antecederam no cargo, alguma vez os tenham incomodado nos seus fins-de-semana ou que os membros das respectivas equipas casas civis tenham sido limitados na sua liberdade cívica, incluindo contactos, negociações, negócios e negociatas das fações partidos a que pertenciam.
Considerei graves aquelas declarações, assim um tipo de ultimato dirigido ao Sr. Secretário Geral Presidente.

3. A leitura pessoal que fiz à bocado dessas declarações foi a seguinte (normalmente não demoro  quase nenhum tempo, a fazer saber a toda a gente a leitura pessoal que calha fazer de declarações de outros políticos mas, nas presentes circunstâncias, fui forçado a abrir uma excepção e esperei alguns minutos).
Pretendia-se, cá para  mim, alcançar dois objectivos com aquelas declarações:
Primeiro: Arrepanhar o Secretário Geral Presidente para a clarificação e transparência do que se passara nas negociações, encostando-o àqueles senhores apessoados do PPD e do CDS, apesar de todos saberem que eu, pela minha maneira de ser, sou, desde pequenino, particularmente rigoroso na confusão em relação a todas as ideias políticas e costumo voltar logo atrás, mal Mário Soares, o soba, ou Sócrates, o falso, dão a ordem.
Segundo: Desviar as atenções do debate pré-eleitoral autárquico para as recentrar nas questões que realmente preocupam os cidadãos e  pessoas, o que, como é sabido, não costuma interessar ao PS.
Foi esta a minha leitura e, nesse sentido, produzi uma declaração que já deu na televisão no dia 20 de Julho 28 de Agosto.

4. Muito do que será dito ou escrito envolvendo o meu nome próprio ou apelido, interpretá-lo-ei como visando aqueles dois objectivos.
Incluindo as interrogações que qualquer gajo pode fazer sobre como é que aqueles políticos e jornalistas saberiam dos passos dados por membros do PS da Casa Civil da Presidência da República – sim como é que saberiam? Não há fumo sem fogo e eu não sou ingénuo. Olha eu! que ando sempre a matutar nestas coisas, a escrevê-las no meu computador e perguntar ao Soares, o soba, e ao Sócrates,  falso, se acham bem.
Incluindo mesmo as informações que publicou um membro da minha equipa no site do PS Casa Civil , de que não tive conhecimento prévio, ou se tive quando fiz o discurso no Rato, entretanto passou-me, e que tenho ainda algumas dúvidas quanto ao significado e os termos das palavras caras,  aí usadas. 
Mas onde está o mal de alguém, a título pessoal, se alembrar de dissimular as razões que estão por trás das conversações políticas de outrem, apesar da versão oficial do site do PS.
Repito, cá para mim, pessoalmente, a verdade é que tudo não passava de tentativas de conseguir os dois objectivos que eu já disse: colar em sentido figurado o Sr. Secretário Geral ao PPD e CDS e desviar as atenções das pessoas para os problemas reais do país, tipo cortina de fumo, enfeite especial ou assim, no preciso momento em que quero ir para aquela coisa gira dos stand-up comedy, a que chamamos comícios.

5. E a mesma leitura fiz da publicação nos jornais diários, quer na página da frente quer noutras lá dentro, do que andei a fazer durante as negociações para o compromisso de salvação nacional.
Desconhecia totalmente a existência e o conteúdo das referidas negociações, feitas nas minhas costas, apesar dos meus assessores passarem muito tempo dentro das sedes dos partidos da direita e não conseguirem ir à sede do BE por causa de alergias e, pessoalmente, tenho sérias dúvidas quanto à ortografia das afirmações neles contidas. Mas juro pela saúde da minha falecida bisavó que não sei o que disseram os tipos da delegação do PS e ainda hei-de perguntar ao Justino para ele me explicar tudo num desenho.
Não conheço os membros da delegação do PS neles referidos, não sei com quem falaram estes dias, não sei o que viram ou ouviram durante as negociações, não sei quem é o David, e se disso fizeram ou não relatos a alguém como a minha pessoa e o PR.
Sobre mim próprio teriam pouco a relatar que eu sou um chato como o caraças, e por isso não atribuí qualquer importância às suas entradas e saídas do meu gabinete, à sua presença nas sedes dos partidos, apesar de me chatear pagar a conta da gasolina e dos almoços que eles andaram a comer.

6. A primeira interrogação que fiz a mim próprio, quando tive conhecimento da publicação do teor das negociações nos jornais (ainda por cima na página da frente para toda a gente ver) foi a seguinte: “porque é que é publicado agora, a escassos meses do acto eleitoral para as autárquicas, quando já passaram dois ou três dias da negociata”? Seria para lixar a minha carreira no partido? 
Liguei imediatamente no meu cérebro essas publicações aos objectivos visados pelas declarações produzidas por mim durante meses a fio, em que andei a dizer que o governo era da troika e o presidente estava feito com ele.
E, pessoalmente, confesso que não consigo ver bem adonde está o crime de um cidadão, mesmo que seja membro da direção do PS  staff da casa civil do Presidente, ter impulsos de desconfiança, suspeição, grãozinho debaixo da asa, pedra no sapato  ou de outro qualquer sentimento negativo em relação a atitudes de outras pessoas que queiram cumprir os compromissos internacionais do país.

7. Mas as noticias publicadas deixavam a dúvida na opinião pública, sobre se teria sido violada uma regra básica que vigora no PS desde sexta-feira: ninguém está autorizado a falar em nome do Secretário Geral Presidente da República, nomeadamente os membros da delegação do PS às negociações, até terem treinado comigo as historietas que vão inventar para fingir que nunca negociámos nada. Os únicos que podem falar são o Galamba, o Soares, o Manel Alegre, o Sócrates, o António Costa e qualquer gajo que tenha um cartão do PS. Isto, embora me tenha sido garantido que tal não aconteceu, eu não podia deixar que a dúvida permanecesse.
Foi por isso, e só por isso, que tive aquela ideia de proceder a alterações àquilo que disse ao Presidente da República sexta à tarde, quando ele me mandou ir a Belém, e correr para a televisão a dizer o que disse sem dar cavaco ao Cavaco.

Apesar de ser tudo falso, tudo uma manipulação pelos do governo, apesar do BE ser meu amigo há mais de 2 anos, lixei-o e corri pra os braços do PPD e do CDS durante nove reuniões, sem dizer água vai ao avô Soares e ao patrão Sócrates. Assim todos os cidadãos e pessoas viam logo que como eu gozei o Cavaco nas declarações de sexta às 20:00, é porque ele é que é o culpado de tudo. Se quiserem faço um boneco para explicar que os maus são do governo e eu por isso primeiro lixei o BE e o PCP, com grande pena minha que eu a mim tanto me faz, porque sou muito sério e só quero é ser primeiro-ministro e por isso hoje é que disse os meus pensamentos pessoais. Já expliquei tudo ao Galamba quatro vezes e ele já disse que sim que já percebeu e que eu agora não repita mais a ele e que diga na televisão mas sem fazer os desenhos que não faz falta.

8. A segunda interrogação que a publicação das referidas revelações, sobre como quase cheguei a acordo para o compromisso de salvação, me suscitaram foi a seguinte: “será possível alguém do exterior, por exemplo os do governo ou jornalistas ou até esquerdistas, entrarem no meu computador, sem me dizerem nada? Estará a informação confidencial contida nos computadores do PS suficientemente protegida? Tipo coisas que escrevo a rimar, os sites que visito e assim?”
Foi para esclarecer esta questão que ainda há bocado telefonei a várias entidades com responsabilidades na área da investigação criminal. Fiquei a saber que existem vulnerabilidades nos computadores e telemóveis do PS e pedi que se estudasse a forma de as reduzir oferecendo-me para pagar se fosse preciso.

9. Um Secretário Geral Presidente da República tem, às vezes, que enfrentar problemas bem difíceis, assistir a graves manipulações e urdiduras, mas tem que ser capaz de resistir, de se aguentar calado meia-hora se for preciso em nome do que considera ser o superior interesse eleitoral. Mesmo que isso possa causar custos pessoais aos dez milhões de portugueses. Para mim Portugal está primeiro, bem à frente dos interesses da direita, só ultrapassado pelos interesses do PS. E todos sabem como valorizo o PS, logo a seguir à minha pessoa.
O Secretário Geral  Presidente da República não cede a pressões, não faz comunicações tontas ao país, não interrompe o seu silencio, não se levanta da cadeira de baloiço, nem se deixa condicionar, seja por quem for e se alguém o tentar, lixa logo o BE e o país inteiro.
Foi por isso que entendi dever manter-me em silêncio durante a campanha pelo compromisso de salvação, tirando aquelas bocas que mandei off-record para a imprensa a dizer que os do governo estavam irredutíveis e, sexta-feira às 20:00, dizer na televisão que não negociei nada naqueles seis dias e mandar um mail ao Soares com letras muito grandes a dizer.
Agora, passadas as negociações, e porque considero que foram ultrapassados os limites do tolerável e da decência,  espero que os portugueses compreendam que fui forçado a fazer algo que não costumo fazer: partilhar convosco e com o BE, em público, a interpretação que me lembrei sobre este assunto que foi para a comunicação social durante vários dias sem que alguma vez a ela eu me tenha referido, directa ou indirectamente ou falado off-record. Já disse que foram só os mails para as redações a dizer que o governo estava irredutível e isso.
E sabendo todos que o Secretário Geral Presidência da República é um órgão unipessoal que sou eu e que, sobre as suas posições, só o Secretário Geral e todos os outros gajos que têm cartão de militante, se pronunciam.
Uma última palavra quero dirigir aos portugueses: podem estar certos de que, por maiores que sejam as dificuldades, estarei aqui para defender os superiores interesses do PS, lixar o BE, tramar Portugal e tomar as gotas."

sábado, 20 de julho de 2013

Quando a sombra da porca cheira mal

Pelos documentos disponibilizados, parece que o PSD concordou com a renegociação com a troika e propôs que o proponente da renegociação estivesse presente.

Governo e PS renegociariam com a troika e aceitariam o resultado da renegociação.

Ora aqui é que porca torceu o rabo! A porca pôs as coisas da seguinte maneira: exigimos a renegociação com a troika mas não aceitaremos o resultado dessa renegociação!

É porca mesmo, a porca. Vê-se pela sua sombra.

A sombra de Seguro

"Seguro tem medo da sua própria sombra, quanto mais da sombra de Sócrates" -  Marques Mendes.

Não está mal visto!

Pequeno Seguro finge que Cavaco claudica

O pequeno Seguro veio fingir que durante horas e horas, em nove reuniões sucessivas, o PS propôs aumentar a despesa do estado, enquanto o Presidente da República que tinha um observador presente, se congratulava com o bom evoluir das negociações.

Será que pode fazer-nos acreditar que Cavaco está irreversivelmente senil?

Mentir com quantos dentes tem

O pequeno Seguro, fingindo-se de Sócrates, veio pretender que fez nove reuniões com o PSD e o CDS e que da primeira à última foi defender que não havia cortes no estado e se tinha que aumentar a despesa em apoio social.

Que o disse uma vez, o governo disse que nem pensar e marcaram uma segunda reunião.

Nessa segunda reunião o PS repetiu o que já dissera, o governo repetiu que nem pensar e marcaram uma terceira reunião.

Que isto aconteceu nove vezes.

É preciso ser muito estúpido para acreditar nesta socratisse.

É preciso ser não mais que um pequeno chefe de gabinete, admitido por cunha, de um subsecretário de estado - ser, enfim,  um Pequeno Seguro - para tentar que o país acredite que isto se passou desta maneira.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Albuquerque

Gostei da combatividade da nova ministra das finanças durante o debate da moção de censura do PEV.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Irrevogável o quê?

Esta crise - a da salvação nacional -  apagou a memória da palavra irrevogável.

A coligação agradece.

O pequeno Seguro não percebe o que está a acontecer e quando acordar pode ser tarde.

O País agradece.

Vingança arrefece em Cavaco

A sede de vingança pela desfeita que Passos e Portas lhe fizeram, vai arrefecendo em Cavaco. É humano. E mais humano é quanto mais Cavaco vê o seu ego satisfeito com a nova influencia que ganhou com o beija-mão em seu torno.

Quando voltar das Selvagens à selva Cavaco saberá que a dissolução da AR agora é impossível.

Como é que se pronuncia Marshall em alemão?

Também os Alemães se assustaram com a crise portuguesa. O silêncio deles é infernal.

Eles não podem ter uma segunda Grécia. Por estes dias limitam-se a rezar.

Da próxima vez que Portugal falar com a troika, vamos estar mais fortes com Portas e eles mais fracos   com o susto que apanharam com a nossa crise.

A nossa dívida é impagável.

Acabámos de descobrir quem a pagará. Só nos falta saber como se pronuncia Marshall em Alemão.

Seguro ajuda Cavaco. Cavaco mata (sem querer) Seguro

O pequeno Seguro ajudou a retirar Cavaco do acantonamento em torno da coligação - ou provou que não estava acantonado, o que é, politicamente,  a mesma coisa.

Cavaco é tão influente que o PS se reúne com o Governo a ordens de Cavaco.

Seguro, o pequeno Seguro é fraco e não percebe que está destinado à morte neste processo se este durar uma semana que seja.

Morte às mãos da esquerda, o BE e a ala esquerda do PS.
Morte às mãos do PR valorizado pelo beija mão.
Morte às mãos do Governo que após este terramoto passará pelas autárquicas incólume, agora que o PS as tornou irrelevantes.
Morte às mãos da UGT, paralisada como ficou nesta crise.
Morte às mãos das confederações patronais entregues, assustadas, por Cavaco no regaço do Governo.

A guerra civil da esquerda

Como previmos a esquerda dá os primeiros passos de uma longa guerra civil, inevitável se o PS chegar a acordo com o PSD CDS e altamente provável se o falhanço das negociações não for feito com grande estardalhaço por parte do pequeno Seguro.

A probabilidade de haver acordo é muito baixa. Mas a própria tentativa é malsã para o PS. Quanto mais tempo durarem as negociações pior para o PS e melhor para a coligação. Como o aplauso nos Jerónimos mostrou, a ameaça de catástrofe financeira lançou um toque a rebate na direita unindo-a. Isso mesmo vê-se também no Parlamento e nas declarações públicas de membros de ambos os partidos.

 A saúde da coligação melhorou muito com a ameaça presidencial. Faz parte da alma nacional a união em tempos de crise. Cavaco e a resposta da bolsa e dos mercados foram a crise e o cerrar fileiras na coligação cresce cada dia. As críticas do PSD à vitória de Portas desapareceram instantaneamente face a uma ameaça maior.

PSD e CDS articulam-se e o PS cometeu um erro de palmatória: concordou com a apresentação de propostas escritas no âmbito das negociações para o compromisso de salvação nacional. O que escrever não poderá apagar e nada que lhe seja útil pode escrever, se tiver alguma coisa de concreto. Ou é ridiculamente vago e percebe-se  que faz teatro ou o que escrever será definidor.

terça-feira, 16 de julho de 2013

E se a remodelação se der e o país começar a crescer?

Se Cavaco aceitar a remodelação após o compromisso de salvação nacional, o país começar a crescer e não emergir um novo PSD de dentro do PSD, Paulo Portas tem uma oportunidade como Lucas Pires teve antes de Cavaco ter surgido: a de se tornar um novo Sá Carneiro.

Não lhe falta talento e não lhe falta coragem.

Precisa apenas de uma oportunidade para acabar de tirar o CDS do gueto social de onde já quase saiu.

É claro que mesmo que a sorte lhe dê a janela que procura, Paulo Portas tem um inimigo poderoso perto de si e que pode estragar tudo: chamam-lhe Paulo Portas.

Se o PS perde, quem o pode derrotar?

O mesmo partido que derrotará Passos - o PSD.

Um novo PSD, com Rio ou outro, aparecerá, virginal, para tomar conta da loja.

São apenas necessários dezoito meses de compromisso do PS com o PSD para o PSD derrotar ambos.

O CDS manterá um pé dentro e um pé fora mal o PS entre. Trata-se de um trabalho difícil. 

A não ser, é claro ... que o país dê a volta economicamente. Que continue a crescer, ao contrário do que imagina Pacheco Pereira, como parece que vai crescer este segundo trimestre. Que a Europa acorde e a troika mude. Aí, ao primeiro erro do PS, a coisa seria bem pior para o pequeno Seguro: a direita exigira cumprir o mandato até ao fim alegando que o PS violara o compromisso. Surgiria a moção de confiança, o ataque à instabilidade, uma nova AD com listas conjuntas pré-eleitorais.

O que é que o PS quer?

Poder.  Depressa.

José António Seguro sabe que a sua oportunidade cinge-se a um tiro único. Se conseguir ser primeiro-ministro o seu poder no PS crescerá e ninguém se atreverá a contestá-lo. O costume. O PS (tal como o CDS) não é o PSD.

Por isso, guloso por eleições antecipadas, precipita-se na direção que lhe parece a mais curta para as conseguir: o compromisso de salvação nacional. Tenta vários malabarismos para fingir que se mantém coerente mas toda a gente percebe (e se não percebesse, o BE e o PCP gritá-lo-ão mil vezes em voz suficientemente alta para que se perceba) que corre atrás do pote.

O PS pensa que, se conseguir o tal compromisso, logrará prender o CDS e o PSD a um acordo que lhe permitirá governar sem maioria absoluta.

Nada mais falso. Ao embrulhar-se nesse compromisso o PS fica visto como um partido de negociatas, sem alma. Tira valor às autárquicas. Perde parte da esquerda para a esquerda, nomeadamente o BE e o PC, pois será obrigado a atacá-la a partir da oposição, muito diferente de ser já governo.

Haverá uma guerra civil à esquerda, não tenhamos dúvidas, e nessa guerra civil o PS não pode acenar com o papão da direita pois acaba de se comprometer com ela. O BE terá uma oportunidade única de ocupar espaço se mantiver o atual tom moderado. O PCP vive um novo fôlego.

O PS perde.




domingo, 14 de julho de 2013

Aplauso de pé nos Jerónimos

Não é irrelevante o tempo que mediou desde o aplauso de pé a Passos e Cavaco nos Jerónimos até às reações por parte da oposição ao governo.

Com as manifestações pela queda do Governo confrangedoramente vazias, o aplauso de pé a Passos foi um segundo momento de perplexidade para os opositores da coligação.

A perturbação necessitou de alguns dias para que surgisse uma tese explicativa.

A Quadratura do Circulo

Gostava de ter dados sobre as audiências da Quadratura do Círculo. O programa está de tal forma engajado no ataque e na maledicência previsíveis em relação ao governo que o seu interesse parece-me diminuído. 

Lobo Xavier aparece, com algumas exceções, prestando vassalagem a Pacheco que, por sua vez, aparece para ajustar contas com o governo. Costa, se bem que menos que o seu antecessor, representa diretamente os interesses do PS numa postura de militante e não de homem livre. Essa militância quase só compete com a sua necessidade de branquear o governo politicamente criminoso de que fez parte e depois apoiou - o governo de Sócrates.

Quando se liga a televisão já se sabe o que se vai ouvir. É chato demais.

Pacheco Pereira e "A primeira manifestação do sindicato do Governo" II

No texto a que aludimos Pacheco Pereira interpreta o aplauso de pé a Passos Coelho na missa dos Jerónimos como fazendo parte da luta das classes altas contra as classes baixas.

Esta interpretação da dinâmica social não tem fundamento e integra-se na radicalização do próprio Pacheco. 

Mas não é esse um dos problemas principais desse texto. Os problemas são outros. 

Um deles é o ataque à Igreja Católica tentando associá-la à figura do cardeal Cerejeira. Conotar a Igreja com o "fascismo" porque os crentes aplaudem o líder do PSD é de uma maledicência incompetente.

Outro é o pretender ligar à manifestação dos crentes presentes nos Jerónimos a presença de forças de segurança. Fica por saber se Pacheco acha que os católicos só se manifestaram porque estavam protegidos pela polícia ou se acha que nenhuma manifestação é apropriada se for feita na proximidade da polícia. Ambas as teses são delirantes.

Outro ainda é a ideia de que o aplauso de pé foi a face visível de um "sindicato" do governo. Essa organização sindical de que ninguém havia ouvido falar, distinta do PSD e do CDS é uma organização do estado, segundo Pacheco. Trata-se mais uma vez de uma tese delirante.

Pacheco não suporta a ideia de que haja uma parte da população que aplauda de pé o Governo. Percebe-se essa intolerância há algum tempo e também ela parece pessoal. Uma das vítimas dessa intolerância é o Lobo Xavier que se esgota na tentativa falhada de equilíbrio entre o apaziguamento com Pacheco e a defesa dalgumas das teses do Governo.

Pacheco Pereira e "A primeira manifestação do sindicato do Governo" I

É engraçado o texto delirante de Pacheco Pereira, com o título acima transcrito. Pacheco sente um antagonismo pessoal em relação a Passos Coelho e ao seu grupo e isso envenena desde sempre a sua análise política dos tempos que correm. O caráter pessoal desse antagonismo tem uma gota daquilo a que um documento revelado pela wikileaks descrevia como a personalidade do PR - a pulsão vingativa.

Essa pulsão vingativa não deve ser desconsiderada na estratégia presidencial, que falou prolongadamente com Passos e Portas sem nunca lhes dar sinais de que se preparava para a intervenção que  veio a fazer.

Mau grado a motivação ser racional ou não, o efeito da manobra presidencial é ou causticar ou humilhar o PS. PSD e CDS têm, neste contexto, melhores armas para se defenderem do ataque do PR.


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Alemães despedem tradutores

Segundo fonte segura o governo alemão já despediu 16 tradutores Português - Alemão após o discurso de Cavaco.

O 17º está aflito pois de facto em alemão o discurso não faz sentido.

Alguém os avisa que em português também não?

Cavaco pede ao PS que se suicide. Este parece recusar.

Há um detalhe sobre a natureza do PS que Cavaco devia conhecer.

O PS governa de modo semelhante ao PSD pré-Passos mas vive de um eleitorado parcialmente diferente.

Esse eleitorado é parcialmente à esquerda do do PSD.

O PS precisa de "falar à esquerda durante a campanha para governar à "direita" depois".

Não pode falar antes das eleições de modo semelhante ao que fala depois das eleições.

Antes ataca o PSD e o CDS. Depois ataca o BE e o PCP.

A proposta de Cavaco a ser aceite seria suicida para o PS.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Cavaco entala o PS e testemunha as suas próprias limitações pessoais

Cavaco acabou de falar com Passos, Portas e Seguro. Depois de os ouvir propõe ... falar com Passos, Portas e Seguro?

Na prática, depois da recusa de Seguro em entender-se com o Governo, Cavaco tomou o partido do novo governo Passos / Portas mas exige, antes disso, que o PS seja publicamente causticado por se recusar a chegar a acordo com PSD / CDS. 

Ou humilhado se aceitar o acordo e se deixar da conversa de eleições já, o que é de todo impossível.

O PS atacará Cavaco como tem vindo a fazer e recusará. O PCP e o BE espumarão de raiva e verão confirmada a suspeita de que o PS é de "direita". A esquerda dentro do PS espumará por ser colada à troika. 

Até lá, no PSD e no CDS ri-se a bandeiras despregadas.






Eleições autárquicas tornadas irrelevantes por Portas (Seguro em bicos de pés V)

Depois do derrube do primeiro governo Passos / Portas, Paulo Portas tornou o governo imune aos resultados das autárquicas.

Ou depois disto alguém vai deixar de se rir se depois das autárquicas Seguro exigir a ... demissão do governo?

Resumindo as coisas para o pequeno Seguro

Paulo Portas demitiu-se irrevogavelmente do Governo e fê-lo cair.

Passos, num passo de mestre, disse que o país não dispensava Portas dizendo que não apresentava o pedido da sua exoneração ao PR.

Cavaco, Passos e Portas exoneraram não Portas mas o anterior Governo e hoje pouco depois das 20h Cavaco anuncia um novo Governo Passos/Portas que sucede ao que Portas derrubou.

No processo as confederações patronais e a UGT deixaram-se de bluffs e puseram-se à disposição do governo para o que fosse preciso.

Os inimigos internos de Passos ficaram ou irrelevantes ou paralisados durante 6 meses.

Seguro ficou isolado da população que esvaziou as manifestações que a esquerda tentou organizar e esmagou com os aplausos a Passos nos Jerónimos.


Perceber Cavaco (Seguro em bicos de pés IV)

Muitos disseram que após o discurso do 25 de Abril Cavaco ficara reduzido a um ministro deste governo, impotente isolado.

Mas quem lhe deu agora força para pegar nas confederações patronais e UGT e entrega-las no regaço do governo?

Terá sido Paulo Portas e o seu choque de realidade ao demitir-se do 1º governo da coligação e dar origem ao segundo?

Paulo Portas, o novo Sá Carneiro? Ou Passos Coelho que percebeu como ninguém a psicologia de Portas e cresceu em autoridade com a famosa recusa em aceitar a sua demissão? Ou ambos?

Perceber Cavaco (Seguro em bicos de pés III)

Cavaco Silva ao ouvir, depois do susto da demissão de Paulo Portas do primeiro governo da coligação, os parceiros sociais obrigou-os a uma mudança de discursos até aqui imprevisível:
Todas as confederações patronais e a própria UGT ao declararem publicamente que não querem ou não pedem que este governo caia, tiveram de dizer ao presidente que os chamou para saber se havia suporte social para este governo que estavam dispostos a dialogar / concertar-se com o Governo. Que estavam dispostos a dar suporte social a este Governo. Foi isso que Cavaco lhes pediu para manter em funções o Governo.

O processo eleitoral não assusta por si mesmo os mercados. Acontece inevitavelmente de 4 / 4 anos. O que assusta os mercados é a possibilidade de se eleger um governo que não pague aos credores. Se estivesse em funções um governo tipo BE / PCP com uma política de "não pagamos" e esse governo caísse as eleições seriam bem vindas pelos mercados.

Não outra interpretação possível: patrões e UGT podiam ter pedido que o governo caísse mas assumiram que este governo é melhor que o que esperavam que resultasse de eleições. 

Ou seja Portas e Passos reganharam parte do suporte social que haviam perdido em 2 anos.

Vitória de ambos e redução de Seguro à sua irrelevante dimensão.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Seguro em bicos de pés II

A bem dizer, o discurso de Cavaco no 25 de Abril, a explicar que não há eleições nem que a porca torça o rabo, obrigou Seguro a ser um opositor não apenas do Governo mas também da Presidência da República.  Pior, com o exagero da sua reação, Seguro acabou por ficar a um passo de querer a demissão do próprio Cavaco.

Para uma pessoa com a devida dimensão e autenticidade isso podia fazer parte.

Para Seguro, é demais. Não dá para aguentar dois anos em oposição ao Governo, aos credores e ao PR e, a seguir, sacar nas urnas um resultado bom.

Seguro em bicos de pés I

A demissão irrevogável de Portas demonstrou que o país não resistira a uma crise eleitoral.

Se um arrufo de três dias entre dois partidos que defendem que se honrem os compromissos com os credores, provocou o terramoto que provocou - aquém e além fronteiras - imagine-se o efeito de meses de campanha com a esquerda a clamar "não pagamos", o polvo socialista dividido, Seguro a mentir com quantos dentes tem e terminar tudo num parlamento ainda mais fraccionado que o atual.

Com a crise que desencadearam e resolveram, PSD e CDS reduziram Seguro à sua dimensão - a de Chefe de Gabinete de um Sub-Secretário de Estado, admitido por cunha.

O que passa disso são bicos de pés.