sábado, 13 de dezembro de 2014

Costa: o nosso pequeno G. W. Bush?

As gaffes de António Costa sucedem-se.

Desta vez é a história da privatização da TAP estar prevista como uma privatização apenas parcial.

Quando se lê o texto do memorando percebe-se que não se programa uma privatização parcial para todas as grandes empresas. Diz-se, é verdade, que uma privatização parcial do conjunto de todas as grandes empresas garante o alvo de 5,5 bil. que é aliás um alvo mínimo, não um limite máximo. Mas depois esclarece-se que para a EDP, REN e TAP o governo quer ir mais longe.

Mais longe como?

Num segundo parágrafo, referindo-se à  EDP e à REN, e também da TAP, se as condições de mercado o permitirem,  passam a surgir os objectivos "2011" e "sale".  Em vez de "parcial divestment", surge  como novo objectivo a expressão  "full divestment" que é substituída depois por "sale", a título de expressão  equivalente.  E é essa a palavra usada para a EDP, REN e TAP: sale. Não parcial coisa nenhuma.

Porque é que EDP e REN aparecem primeiro e TAP depois? Porque a troika sabia bem que vender a EDP e a REN era fácil. O mercado da aviação comercial pia mais fino, haviam empresas a falir em todo o mundo  e a venda surgia como menos provável ou menos fácil até fins de 2011. O futuro confirmaria que era mais difícil vender a TAP. Daí EDP e REN como inescusáveis e TAP se possível.

Se no memorando se quisesse falar de partial sale para a TAP, tinha-se dito isso mesmo. Há tinta que chegue no mercado para se escrever isso. Mas não se quis escrever tal coisa, mas sim sale. Se o estado se compromete a vender uma coisa é porque vai vender a coisa. Deixa de ser o estado a mandar nessa empresa e passam a ser os novos donos, os que a compraram. Se quer vender parte de uma coisa diz isso mesmo e usa habitualmente a expressão "alienação parcial" ou "privatização parcial".  Não a palavra sale ou venda.

Aliás nalgum lado se vê falar de full sale em linguagem económica? Fala-se de full privatization, de full divestment e de sale. Nunca se vê full sale. Sale nunca é partial sale, é passagem de um dono para outro dono.

Será Costa um bluff, como foi Durão Barroso? Um incompetente, o nosso pequeno Bush? Há cada vez mais sinais de que sim.

Já agora que tal perceber que se o objectivo final era atingir um certo déficit, não tendo este sido atingido, qualquer margem de variação possível, à partida, nas medidas geradores de receita para diminuir a dívida, passa a ter de ser otimizada?

O objectivo do memorando era a diminuição estrutural do déficit até um certo valor e as medidas propostas são, na verdade, as medidas mínimas, sendo que mesmo nessas mínimas se abre nas três grandes empresas citadas (TAP, etc) a porta para ir mais longe.

Muita areia para a camioneta de Costa?


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