quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O grande cobrador de impostos - história anunciada de mil mortes

Paulo Macedo, o grande cobrador de impostos, foi colocado numa posição em que nunca devia ter estado: gerir o Serviço Nacional de Saúde.

Antes da sua chegada a situação não era boa, ao contrário do que defendem os que dizem que o nosso sistema de saúde é um dos dez melhores do mundo.

Qualquer português que tenha vivido fora do nosso pacóvio pequeno rectângulo sabe disso.

Pode dizer-se, e é verdade, que quando confrontados com outros setores a nossa medicina e a nossa organização dos serviços de saúde eram melhores que muitos setores. Isso não faz da área um continente de excelência em termos internacionais. Podem haver ilhas de excelência mas a qualidade global é apenas sofrível.

Ao colocarem um cobrador de impostos a gerir a saúde, a morte voltou em grande força. Cada vez que um médico abre a boca é perseguido e muitas vezes erradicado. Cada vez que a Ordem dos Médicos abre a boca o complexo politico-mediático ataca-a ferozmentente. Como os médicos são escolhidos de entre os melhores alunos e ganham melhor que a média da população, a nossa cultura de mediocridade e inveja faz com que a medicina seja um alvo fácil. "Toda" a gente acredita na primeira mentira que se contar e "toda" a gente se sente à vontade para mentir.

Veio agora a público mais uma morte anunciada às mãos do Ministério da Saúde e da sua política de destruição e má poupança - a história de uma suspeita médica de cancro que ficou dois anos à espera de ser confirmada ou infirmada e que quando foi confirmada era tarde demais.  Se fosse familiar de um político seguramente não tinha esperado um ano só para ir à consulta médica. É apenas uma entre mil mas a falta de transparência, a cultura de opacidade  que vinha de Sócrates, reforçada pelo atual ministério (que chega ao ponto de impedir que a ordem dos médicos entre nos hospitais), consegue esconder a grande maioria destas situações. As próprias vítimas a quem são sonegados cuidados muitas vezes não sabem porque lhes aconteceu o que aconteceu. Veja-se o que sucede no Norte do país. Os doentes mais frágeis, os idosos, os pobres e os que não estão organizados, são as principais vítimas silenciosas.

Como dizia Kennedy, é possível enganar toda a gente durante algum tempo e é até possível enganar algumas pessoas todo o tempo. Mas permanece impossível enganar toda a gente todo o tempo.

Paulo Macedo enganou toda a gente durante algum tempo. Uma parte do complexo politico-mediático continuará a permitir que engane algumas  pessoas todo o tempo. 

Mas Kennedy terá razão mais tarde ou mais cedo.

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