quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A privatização da RTP e a guerra da SIC a Passos Coelho

Em Portugal, a maioria dos grandes empresários abomina tanto a liberdade de iniciativa e o mercado livre, como o abominam a maioria dos fazedores de opinião e a maioria dos políticos no ativo.

Um dos exemplos deste problema é reconhecível no empresário Pinto Balsemão. Uma boa parte do sucesso deste empresário deve-se à SIC e aos seus diversos canais.

A SIC dá muito dinheiro a Balsemão.

Ora Balsemão gosta de dinheiro como toda a gente e está persuadido que uma das estratégias eficazes para o acumular é impedir a competição. Balsemão imagina o mercado publicitário como um bolo limitado e quando se tratou de ter acesso a esse bolo, defendeu a existência de canais privados de televisão, para logo após ter sido aceite como comensal tratar de tentar impedir a liberalização do mercado. O bolo estava na mesa, Balsemão tinha-se instalado de faca e garfo e o que mais temia era que entrassem novos convidados.

A competição verdadeira é-lhe verdadeiramente estranha.

A esquerda que ele agora acolhe na SIC, tentou impedir como pôde essa decisão reformista de Cavaco Silva, mas isso são tempos idos.

Agora é a SIC que tenta impedir com todas as forças que surja ao seu lado, e ao lado da TVI, um canal privado que suceda à RTP pública e a esquerda saloia passou a dar-lhe jeito.

Para Balsemão a esquerda é agora sua aliada nesta luta de levar o bolo à boca, pois sendo sempre inimiga da privatização, neste capítulo ajuda a manter o negócio do Pinto B.

O temor que Passos vendesse a RTP a um operador privado, justifica boa parte da animosidade da SIC contra o Governo.

Trata-se para Balsemão de uma coisa séria: dinheiro.

Passos Coelho só tem uma forma de travar a animosidade de Balsemão: privatizar rapidamente a televisão pública.

É certo que o Conselho da Revolução pode tentar impedi-lo, mas seguramente que a abertura do jogo sobre o papel e a motivação de Balsemão iria dificultar o trabalho do Tribunal Constitucional.

E, no limite, o governo pode privatizar a RTP 2 e, mal isso aconteça, transformar a RTP 1 naquilo que é hoje a RTP 2. Basta mudar a grelha de programação. Para além doutras alternativas possíveis.

O que não deve é aceitar que se viva num país, onde o que é politicamente tido como aceitável e moderado são as opiniões extremistas duma esquerda que destruiu o país, ao mesmo tempo que um quase invisível lápis azul empurra as opiniões favoráveis à libertação da sociedade para os nichos mais laterais da blogosfera.

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