quarta-feira, 4 de maio de 2011

1862

Em 1862 Pasteur demonstrou de forma aparentemente definitiva a falsidade da teoria da geração expontânea da vida. As tartarugas não nasciam da lama, os ratos não nasciam do lixo.

Hoje se virmos passar um qualquer ser vivo à nossa frente, podemos até questionar-nos se com açafrão e risotto daria um bom petisco mas podemos ter a certeza que não apareceu do nada, que é descendente de outro ser vivo.

Muitas pessoas que se espantam hoje que em 1861 se acreditasse que do lodo apareciam expontaneamente tartarugas, espantar-se-iam nessa data que se defendesse que todos os "animais" descendem forçosamente de outros animais.

Pasteur contudo esqueceu-se de esclarecer que o mesmo acontece ao dinheiro. Não aparece do nada se bem que pode desaparecer sem deixar rasto.

Sócrates, tal como antes dele Madoff e a Dona Branca, aplicou o esquema da piramide a quem acreditou nele. 

A Dona Branca atraiu pequenos e médios aforradores prometendo-lhes juros altos e, depois, financiava esses juros pedindo emprestado dinheiro a outros aforradores, a quem por sua vez prometia altos juros. O dinheiro que ia entregando a título de juros não caía do céu - caía dos bolsos de novos inocentes que lhe davam o dinheiro. Como os recursos não são infinitos deu-se o momento em que deixaram de aparecer novos clientes e ela deixou de poder pagar juros. O esquema estoirou e abriu bancarrota. Quem tinha o dinheiro nas mãos dela ficou sem nada.

Madoff atraiu grandes aforradores, empresas e milionários. Montou uma pirâmide em que com o dinheiro dos novos aderentes pagava os juros aos investidores anteriores. Quando estoirou deixou um buraco de 50 biliões de dólares.

Sócrates recebeu o país com uma dívida externa de 80 biliões de euros e em seis anos de gastar à tripaforra, enriquecendo uma classe de amigos, entre parasitas puros e empresários que comiam à mesa do orçamento, fazendo obra necessária e desnecessária desbaratou uma fortuna incalculável. É evidente que o investimento não era reprodutivo e o país não crescia. Durante esses anos Sócrates dedicou-se a culpar o governo anterior que durara cerca de 2 anos e meio e a fazer oposição à oposição. Atirou milhões e milhões para o lixo e para os bolsos da clique que orbita o poder.

A partir de certa altura, como a Dona Branca e o Madoff, passou a pagar os juros da dívida contraíndo nova dívida. A dívida externa passou de 80 para 160 biliões de euros. Os juros eram cada vez maiores, explodindo quando os credores perceberam que esse incompetente lhes estava a aplicar o esquema Madoff - pagava-lhe com dinheiro que pedia emprestado a outros investidores pois a economia do país não crescia.

Os nossos credores não eram os pequenos e médios aforradores que a Dona Branca enganou, nem os ricaços que o Madoff ludibriou. Eram bancos e fundos de diverso tipo com uma coisa em comum: eram profissionais.

A partir de meados / fins do ano passado o dinheiro começou a secar. Teixeira dos Santos, o incompetente, ainda tentou convencer Sócrates, o falso, a parar a bola de neve. 

Sem sucesso. Sócrates, apostador de casino, queria que o país ardesse se necessário - não queria era perder o cargo. 

Uma das coisas que está por esclarecer é o que tem Sócrates de tão valioso a perder com a perda do poder. Mas isso é conversa para outro dia.

Ontem o Falso alindou-se com o Luis e fez uma declaração cor-de-rosa na televisão. Depositou ao lado dele um boneco insuflável muito parecido com o ministro Teixeira dos Santos (mas menos falador) e disse que estava tudo bem.

Devemos 160 biliões de euros e está tudo OK. Os credores exigem poucas coisas: baixar as pensões acima dos 1500 euros e pouco mais.

Não Sócrates, que os burlões raramente se auto-burlam, mas toda uma série de políticos e analistas ficaram (pela enésima vez) baralhados com o comunicador e precipitaram-se para mesas redondas onde, com honrosas excepções, fizeram fé na geração expontânea do dinheiro.

Devemos 160 biliões, a 4% de juro ao ano seriam 6,4 biliões todos os anos que até aqui não podíamos pagar, mas agora vão chover do céu como o granizo choveu em abril.

Permitam-me que repita o que Medina Carreira anda a explicar há vários anos: vamos levar um apertão para arranjar esse dinheiro porque os credores querem de volta o que lhes pedimos e prometemos pagar.

Ou há petróleo no Beato ou as notas de euro não aparecem de geração expontânea.

Sócrates mentiu ontem como mente há seis anos. 

2 comentários:

  1. “If you tell a lie big enough and keep repeating it, people will eventually come to believe it. The lie can be maintained only for such time as the State can shield the people from the political, economic and/or military consequences of the lie. It thus becomes vitally important for the State to use all of its powers to repress dissent, for the truth is the mortal enemy of the lie, and thus by extension, the truth is the greatest enemy of the State.”
    Joseph Goebbels

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  2. VLS talvez seja isso que Sócrates tem a perder. A história do Estado, a história da sua implantação e crescimento é uma história violenta e por vezes amoral. Gostamos de pensar que as coisas amansaram mas talvez sejamos optimistas.
    Ou talvez haja outros motivos para esta fúria destrutiva de um homem a um milímetro de ser aclamado e a outro milímetro de estar completamente só.

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