Pulido Valente escreve um artigo alegando que Eusébio ficaria bem no Panteão Nacional se não tivesse de suportar a companhia de quem lá está.
Acha que Eusébio era um génio na sua profissão, tal como Amália e por isso devia ter direito a um Panteão.
Acontece que, seja por causa do joelho, seja por falta de talento, Eusébio era um jogador inferior a, por exemplo, Cristiano Ronaldo. Não é preciso ser perito: basta ver as imagens de jogos de Ronaldo, Maradona ou Pelé para se perceber que Eusébio não era do mesmo campeonato.
Eusébio era do campeonato de Carlos Lopes, outro grande desportista da segunda linha mundial na sua profissão, para usar a expressão de Pulido.
Eusébio, como os desportistas citados, era de uma enorme destreza motora no futebol e despertava o entusiasmo das massas. Golo, golo, gritavam os seus adeptos. Vitória, ganhámos, viva.
Amália tinha também uma enorme destreza motora: a sua voz. Emprestava a essa voz uma emotividade especial. Como a voz, o mais fantástico dos instrumentos, canta uma letra e canta uma música, suscita uma admiração especial. De qualquer forma a voz humana, por si só, desperta um tipo de emoções mais elevadas que o primitivismo do ganhámos, golo, viva.
Só que o que distingue a especial natureza da humanidade não é a sua competência motora, pouco impressionante quando comparada com a de uma águia ou a de um grande felino.
É o seu espirito.
Só que o que distingue a especial natureza da humanidade não é a sua competência motora, pouco impressionante quando comparada com a de uma águia ou a de um grande felino.
É o seu espirito.
Se Pulido tivesse escrito o romance ou o ensaio genial, para o qual parece ter mais talento do que a resiliência e obstinação necessárias, gostaria de ser recordado num panteão entre o Ronaldo, o Carlos Lopes e o Eusébio?
Ou preferia ficar entre Eça, Garcia D'Orta e Camões?
Onde queria, acresce, Pulido que ficassem os cenotáfios do Infante D. Henrique e D. Nuno Álvares? Ao lado de Ronaldo e Eusébio?
Façamos um último exercício. Imagine-se um Panteão Nacional nos Estados Unidos. Proporia, se fosse norte-americano, que esse monumento fosse enxameado pelas dezenas de Eusébios que essa nação produz todas as décadas em cento e um desportos ou por verdadeiros heróis e inspiradores como Adams ou Lincoln, Twain ou Jefferson, Edison ou Disney, Carnegie ou Salk?
Façamos um último exercício. Imagine-se um Panteão Nacional nos Estados Unidos. Proporia, se fosse norte-americano, que esse monumento fosse enxameado pelas dezenas de Eusébios que essa nação produz todas as décadas em cento e um desportos ou por verdadeiros heróis e inspiradores como Adams ou Lincoln, Twain ou Jefferson, Edison ou Disney, Carnegie ou Salk?
Sem comentários:
Enviar um comentário