O Jornal o Público traz uma notícia que apela à abjuração da educação e da vida economicamente digna, com várias nuances e poucos números. Fala de algumas coisas interessantes pela rama, citando um estudo da Universidade Católica.
A notícia é sobre um trabalho que vai no futuro ser apresentado, com o apoio duma princesa de uma casa real europeia.
Não conheço o estudo da Universidade Católica e seguramente não fico a conhecê-lo lendo a notícia que o Público faz sobre esse estudo nascituro.
Informar não é uma das missões principais dos nossos media, sendo claramente menos importante que fazer uns títulos sensacionalistas, dominados pelos clichês marxistas, nomeadamente que os ricos são maus, com a eventual exceção da princesa que aí vem bater palmas.
Nesta notícia os ricos são as pessoas que ganham, ilíquido, a partir de 4000 euros mês, ou seja cerca do salário mínimo do Luxemburgo em termos líquidos - isto contando por baixo o que lhes é dado pelo estado em género de um lado e de outro.
Porque são tão maus estes ricaços? Porque não valorizam a solidariedade social, entre outras maldades.
O que é a solidariedade social para o rico que ganha em Portugal aquilo que dá o salário mínimo no Luxemburgo? Provavelmente será dar dinheiro a quem tem menos e pagar com os seus impostos viagens a princesas que provavelmente gastam num mês o que eles ganham num ano.
O que é a solidariedade social para o pobre que ganha em Portugal uns míseros 500 euros por mês? Provavelmente será receber dinheiro de quem tem mais.
Ou seja, o Público, até prova em contrário, parece ter descoberto que as pessoas preferem receber dinheiro do que dar dinheiro.
Não sei se descobriu que os referidos ricaços 4000 ilíquidos, se chateiam de ser alvo da extorsão estatal, pois sabem bem que o anti-Robin Hood socialista os insulta primeiro e lhes tira o dinheiro depois para o depositar nos bolsos dos seus amigos - nobres ou plebeus - que com felicidade dividem entre eles parte da coleta.
Descobriu também o Público que as pessoas são cada vez mais individualistas, desconfiadas, cada vez mais defendem o "cada um por si", "olho por olho, dente por dente", valorizam principalmente os "valores imateriais", a "família", a "honra", o "amar e ser amado".
Muito coerente.
O estudo até pode ter qualidade, o que por bom senso se duvida. É impossível é extrair isso do artigo do Público, tal é a incompetência da notícia que parece tão só aproveitá-lo para regurgitar acriticamente lugares comuns promovidos pelo complexo politico-mediático.
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