Abrantes parece ser uma personagem colectiva em que ao contrário do que acontecia com Pessoa e muitos escritores e comentaristas, a mesma personagem é partilhada por diversos autores. Para usar a terminologia netiana, em vez de a um bloguer corresponderem vários nicks, a um nick correspondem vários bloguers.
Perde-se a coneção de autenticidade mínima, mesmo onírica, entre autor e voz pois se todos sabemos que um autor pode ter várias vozes já é impossível vários autores terem a mesma voz.
Mas esse não é o problema de Abrantes. O problema de Abrantes está ligado a esse aspecto patológico de personalidade múltipla porque se concentram nessa voz não apenas o disfarce da turba mascarada de homem mas, muito mais, o disfarce de meios eventualmente ilegítimos que profissionalmente se dedicam à busca de informação para destruir pessoas singulares ou colectivas. São essas questões dos meios e do anonimato que tornam diferente a ameaça que Abrantes impõe à liberdade e à privacidade.
Abrantes tem os meios de uma polícia e a motivação de perseguir ideias como quem persegue malfeitorias. Mas Abrantes faz ainda outra coisa: mistura alhos com bugalhos para fazer mal a ambos.
No Ocidente achamos que aos alhos o que é dos alhos e aos bugalhos o que é dos bugalhos.
Este post no Albergue Espanhol foi mal recebido em vários quadrantes por motivos de identificação partidária. Mas também por razões de principio: presumir que o trabalho de um jornalista é mera correia de transmissão dos interesses do partido a que pertence a filha é mau e obriga-nos a pedir prova dessa intenção (o que é geralmente impossível e neste caso eventualmente falso), publicar relações de parentesco com a mera intenção de diminuir uma pessoa pelas acções, imagem ou ideias de outra, é mau e usar essas estratégias para servir interesses de um grupo é mau.
Sem querer fazer equivaler o referido post à Câmara C, não confundindo infelicidade que qualquer um pode ter com o que a CC é, a verdade é que continua muita gente de sobreaviso em relação aos sinais de que os boys do PSD dêem agora que têm pouco poder, para que se antecipe o que farão amanhã com o estado à sua disposição.
A experiencia de Abrantes não pode ser repetida nos próximos 4 anos. O Ovo da Serpente, agora a arrefecer, não deve ser incubado de novo mesmo que a incubadora seja laranja.
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