Em 1862 Pasteur demonstrou de forma aparentemente definitiva a falsidade da teoria da geração expontânea da vida. As tartarugas não nasciam da lama, os ratos não nasciam do lixo.
Hoje se virmos passar um qualquer ser vivo à nossa frente, podemos até questionar-nos se com açafrão e risotto daria um bom petisco mas podemos ter a certeza que não apareceu do nada, que é descendente de outro ser vivo.
Muitas pessoas que se espantam hoje que em 1861 se acreditasse que do lodo apareciam expontaneamente tartarugas, espantar-se-iam nessa data que se defendesse que todos os "animais" descendem forçosamente de outros animais.
Pasteur contudo esqueceu-se de esclarecer que o mesmo acontece ao dinheiro. Não aparece do nada se bem que pode desaparecer sem deixar rasto.
Sócrates, tal como antes dele Madoff e a Dona Branca, aplicou o esquema da piramide a quem acreditou nele.
A Dona Branca atraiu pequenos e médios aforradores prometendo-lhes juros altos e, depois, financiava esses juros pedindo emprestado dinheiro a outros aforradores, a quem por sua vez prometia altos juros. O dinheiro que ia entregando a título de juros não caía do céu - caía dos bolsos de novos inocentes que lhe davam o dinheiro. Como os recursos não são infinitos deu-se o momento em que deixaram de aparecer novos clientes e ela deixou de poder pagar juros. O esquema estoirou e abriu bancarrota. Quem tinha o dinheiro nas mãos dela ficou sem nada.
Madoff atraiu grandes aforradores, empresas e milionários. Montou uma pirâmide em que com o dinheiro dos novos aderentes pagava os juros aos investidores anteriores. Quando estoirou deixou um buraco de 50 biliões de dólares.
Sócrates recebeu o país com uma dívida externa de 80 biliões de euros e em seis anos de gastar à tripaforra, enriquecendo uma classe de amigos, entre parasitas puros e empresários que comiam à mesa do orçamento, fazendo obra necessária e desnecessária desbaratou uma fortuna incalculável. É evidente que o investimento não era reprodutivo e o país não crescia. Durante esses anos Sócrates dedicou-se a culpar o governo anterior que durara cerca de 2 anos e meio e a fazer oposição à oposição. Atirou milhões e milhões para o lixo e para os bolsos da clique que orbita o poder.
A partir de certa altura, como a Dona Branca e o Madoff, passou a pagar os juros da dívida contraíndo nova dívida. A dívida externa passou de 80 para 160 biliões de euros. Os juros eram cada vez maiores, explodindo quando os credores perceberam que esse incompetente lhes estava a aplicar o esquema Madoff - pagava-lhe com dinheiro que pedia emprestado a outros investidores pois a economia do país não crescia.
Os nossos credores não eram os pequenos e médios aforradores que a Dona Branca enganou, nem os ricaços que o Madoff ludibriou. Eram bancos e fundos de diverso tipo com uma coisa em comum: eram profissionais.
A partir de meados / fins do ano passado o dinheiro começou a secar. Teixeira dos Santos, o incompetente, ainda tentou convencer Sócrates, o falso, a parar a bola de neve.
Sem sucesso. Sócrates, apostador de casino, queria que o país ardesse se necessário - não queria era perder o cargo.
Uma das coisas que está por esclarecer é o que tem Sócrates de tão valioso a perder com a perda do poder. Mas isso é conversa para outro dia.
Ontem o Falso alindou-se com o Luis e fez uma declaração cor-de-rosa na televisão. Depositou ao lado dele um boneco insuflável muito parecido com o ministro Teixeira dos Santos (mas menos falador) e disse que estava tudo bem.
Devemos 160 biliões de euros e está tudo OK. Os credores exigem poucas coisas: baixar as pensões acima dos 1500 euros e pouco mais.
Não Sócrates, que os burlões raramente se auto-burlam, mas toda uma série de políticos e analistas ficaram (pela enésima vez) baralhados com o comunicador e precipitaram-se para mesas redondas onde, com honrosas excepções, fizeram fé na geração expontânea do dinheiro.
Devemos 160 biliões, a 4% de juro ao ano seriam 6,4 biliões todos os anos que até aqui não podíamos pagar, mas agora vão chover do céu como o granizo choveu em abril.
Permitam-me que repita o que Medina Carreira anda a explicar há vários anos: vamos levar um apertão para arranjar esse dinheiro porque os credores querem de volta o que lhes pedimos e prometemos pagar.
Ou há petróleo no Beato ou as notas de euro não aparecem de geração expontânea.
Sócrates mentiu ontem como mente há seis anos.