O aparecimento e crescimento do BCP percebeu-se bem: foi o banco que inovou de raiz a informática financeira em Portugal e em que era fácil controlar, saber e decidir rapidamente. Foi, com Jardim Gonçalves, inovador não apenas em Portugal, mas no Mundo.
O BES não parece ter feito nada disso.
Porque cresceu então tanto o grupo BES? Porque Ricardo Salgado tinha e tem uma especial competência: vender-se a si próprio como credível no mundo da elite da elite financeira.
Basta vê-lo no parlamento. Mesmo após a queda em que se desmorona uma história de mais de 140 anos e em que é uma presa fácil, mantém sangue frio e mantem-se um sedutor e um argumentador credível.
Salgado foi um jogador de alto nível, gerindo conhecimentos, promovendo imagem, ligando-se às pessoas certas, as que tinham poder, dinheiro e influência.
Não inovou nada no mundo da banca.
Pertence ao mesmo mundo a que pertencem os serviços secretos, a diplomacia de alto nível e a mais baixa política de bastidores. O GES morreu com a morte de Sócrates, o envelhecimento de Mário Soares e a ascensão de Passos Coelho. Só por isso morreu. Mas era inevitável, apesar de ter chegado mais cedo do que o esperado.
Era um mundo de inteligência emocional e charme, em tudo se decide em almocinhos com as pessoas certas. Depois desse mundo houve a emergência de Silicon Valley, do verdadeiro mérito, da inovação, do conhecimento no mundo das empresas. Após 140 anos de glória, a última imagem de marca da monarquia e da corte chegou ao fim.
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